O Piauí tem mais de quatro mil mandados de prisão pendentes, considerando processos criminais e cíveis, conforme dados do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O dado expunha algumas fronteiras da segurança pública no Estado entre eles, a sensação de insegurança da população, falta de efetivo policial e estrutura carcerária. 


De acordo com a Polícia Civil, por meio da Divisão de Capturas, entre os foragidos estão criminosos procurados por crimes hediondos, como estupros e homicídios, e por crimes menos graves, como pais que não pagam pensão alimentícia. “Desse total, cerca de 2500 são mandados de prisão alimentícia, que não fazem parte da nossa função primeira, mas nós atuamos nessas prisões para dar um apoio a Justiça”, explica o delegado Odílio Sena, da Dicap. 


Para atender a demanda, o delegado pontua que um convênio está sendo feito com o Tribunal de Justiça e a expectativa é de que novos recursos sejam direcionados para a Dicap. O agente de segurança, no entanto, também afirma que outros fatores contribuem para o número de prisões em espera, como a própria estrutura da polícia e a crise financeira por qual passa o Estado. Atualmente, a DICAP funciona com a presença de um delegado e FACID quatro agentes de apoio. 

“Mesmo que fizéssemos muito esforço é humanamente impossível que com essa estrutura conseguíssemos cumprir todos os mandados. Nossa estrutura, hoje, é reduzida, mas funciona com a máxima excelência, só que ainda assim não seria possível dar resolutividade a todos esses mandados”, destaca. 

Um grande problematizador, segundo o delegado, é que muitos dos listados estão foragidos, o que significaria um alto investimento de recurso por parte do Estado para a prisão. “Se um desses criminosos estiver no Sul , temos que dispor de uma estrutura para ir até lá, pagar diárias, translado, seria um montante significativo”, explica. 

Sistema 

Caso houvesse o cumprimento de todas essas ordens de captura, o sistema penitenciário estadual não teria onde custodiar os novos detentos. Segundo dados do Sindicato de Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), para encarcerar todos os foragidos, o sistema prisional piauiense teria que quadruplicar a quantidade de vagas disponíveis, já que, os presídios estaduais possuem apenas 2.343 vagas, todas já ocupadas.

 “Temos um problema de superlotação. Aqui no Piauí, de 2004 para cá, foram criadas menos de 500 vagas; enquanto isso, a população carcerária duplicou, saiu de duas mil para mais de 4500 presos atualmente”, destaca o presidente do Sinpoljuspi, José Roberto Pereira.

Por: Glenda Uchôa
Fonte: Portal O Dia