A história de João Justino de Brito.

Ele nasceu no dia 22 de maio de 1902, em Oiticica-CE. Filho de Justino Pereira de Brito Filho e D. Maria Cândida Pereira de Brito. Foi filho dedicado e obediente. Membro de uma grande família. Sempre tentou espelhar-se naqueles que admiravam. Cursou apenas o primário em sua terra natal, e logo ao chegar a maioridade, viajou à procura de um bom lugar para estabelecer o seu pequeno comércio. Sabendo do desenvolvimento da pequena vila de Cocal-PI, instalou o seu pequeno negócio e em pouco tempo já era uma das pessoas mais respeitadas na vila.


Passou a comprar propriedades e investir na região, acreditando no desenvolvimento do lugar. Quando surgiu a ideia de lutar pela emancipação do lugarejo, juntou-se às pessoas influentes do lugar. A ideia não foi bem aceita pelos moradores e políticos de Parnaíba, que não via no desmembramento da vila, nenhum resultado satisfatório, mas uma grande perda, por se tratar de um lugar especifico para as transações comerciais entre os ibiapabanos e parnaibanos.

Para acalmar a insatisfação dos comerciantes locais da vila Cocal, o prefeito de Parnaíba, Dr. Mirócles Veras, instituiu ao Sr. João Justino de Brito o cargo de Agente Municipal do povoado da Vila Cocal, devido à necessidade de um representante mais atuante na região, que crescia abruptamente, ligada ao fluxo muito grande de transeuntes e comerciantes na Estação Central do Brasil.

Casou-se com a jovem Filomena Machado de Brito da localidade Contendas, filha de Ladislau Alves Machado e D. Feliciana Machado e Silva, dando início a uma grande Família de 14 filhos. 

Assumiu também o cargo interino de delegado do município, mas nunca desistiu da ideia de transformar a pequena Data do Capiberibe num novo município. Com o apoio dos comerciantes locais, através de ofícios e abaixo-assinados, conseguiu que fosse incluído na constituição do Estado e promulgada a 22 de agosto de 1947. Dispositivo elevando o povoado à categoria de cidade. Somente há 22 de agosto de 1948,verificou-se a instalação solene do município de Cocal.

A 1º de Janeiro de 1949, João Justino de Brito e seu vice Raimundo Alves Pereira, vencia a primeira eleição municipal de Cocal. Assumindo oficialmente o município no dia 19 de março de 1949. João Justino de Brito teve uma administração conturbada pela política acirrada da oposição. Era o início de uma nova cidade promissora e cobiçada por muitos, mas pouco se pode fazer, pois os recursos daquela época eram extremamente difíceis de obtê-los.

No dia 19 de abril de 1950, numa discussão com policiais militares, ao defender um de seus partidários, envolveu-se numa violenta briga que consumou num tiroteio pelas ruas de Cocal, de onde saiu gravemente ferido. No confronto direto com os policiais, vários amigos de João Justino, se envolveram diretamente trocando tiros pelas ruas de Cocal.

Aconteceu o que eles pretendiam, no dia 19 de Abril de 1950. Era aniversário do Presidente Getúlio Vargas. Amanheceram fazendo insultos e ameaças pelas ruas. Os desordeiros vieram para o mercado, à pequena distância de nossa casa. Bateram num trabalhador e ameaçavam outros. Avisaram papai e ele se dirigiu para o local. Acreditando que acalmaria os ânimos. O tal Delegado estava agarrado pelo João Sobrinho, quando o meu pai chegou ao mercado Público. Disse que queria paz e papai mandou soltá-lo. Imediatamente começou o tiroteio. Papai estava armado, mas seu revólver não atirou, as balas estavam nele há muito tempo.Dirigindo-se para nossa casa, foi baleado pelas costas. Há altura do abdômen, por um guarda civil chamado Brás. Os tiros assustaram a população cocalense que logo se refugiou em suas casas. Ouviram-se apenas o bater de portas e janelas e, depois um grande silêncio.


Os soldados saíram do mercado e foram apanhar fuzis e munição. Entrincheiraram-se numa casa desocupada, atrás da igreja. Começaram a atirar em nossa casa, deixando naquela casa de muitas portas a marca da violência e da falta de responsabilidade. Mas não foi só nas paredes que ficaram as marcas dos tiros dos fuzis. Um primo nosso, de 12 anos, que tentou fechar a porta de nossa sala foi atingido e morreu logo. MACHADO, Maria do Socorro, Histórias Ouvidas e Vividas, Niterói, R.J. ed: Muiraquitan p57.

João Justino de Brito, gravemente ferido por dois tiros, foi levado de trem à cidade de Parnaíba e, após ser submetido aos exames, nada de grave foi constatado. Mas devido à má qualidade da radiografia, não foi possível diagnosticar que a bala tinha perfurado o intestino. Só quando os sintomas de peritonite surgiram, e quase desenganado dos médicos de Parnaíba, foi levado à capital do estado do Ceará-Fortaleza. A casa Marc Jacob, com quem João Justino tinha negócios, financiou todas as despesas.


Foi submetido a uma cirurgia de emergência pelo médico Dr. Pontes Neto, na Casa de Saúde César Cals e assistido também pelo Dr. Farad, mas não resistiu, falecendo na manhã do dia 02 de maio de 1950, deixando uma família em desespero e a cidade recém criada, órfã. Foi sepultado em Fortaleza, estado do Ceará, no cemitério da Rua Padre Moror

Assumiria por direito o cargo de prefeito municipal de Cocal, o vice Raimundo Alves Pereira, que por temer por sua vida não aceitou, renunciando em prol de outra pessoa. Diante da desistência do então vice-prefeito Raimundo Alves Pereira, o presidente da câmara de vereadores, o Sr Adauto Machado Torres, assumiu a prefeitura de Cocal dando continuidade ao cargo até uma nova eleição.
Teve Como Principais Obras:

• Abertura das ruas.
• Instalação de energia elétrica através de um motor marca lista alemã.
• Ponte de madeira no povoado Tabuleiro.

Autor: PASSOS, João,Cocal,2007.