O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e o diretor-geral do Idepi, Felipe Eulálio, assinaram nesta quinta-feira (07/11), em Brasília, a ordem de serviço para iniciar a construção da Barragem Nova Algodões, em Cocal, no Norte do estado. Em 2009, a Barragem de Algodões I rompeu e causou uma das maiores tragédias do Piauí.
Com investimento superior a R$ 240 milhões, provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a nova estrutura busca garantir abastecimento de água, incentivar a agricultura e pecuária, além de fomentar o lazer. A previsão é que a obra seja concluída em até dois anos e terá capacidade de armazenamento de 55,5 milhões de m³ de água e uma área de 274,18 hectares.
“A Barragem Nova Algodões é um projeto de grande magnitude que vem para assegurar o abastecimento de água e apoiar o desenvolvimento sustentável da região. Com ela, poderemos transformar a realidade local, proporcionando mais segurança hídrica e incentivando o crescimento de diversas atividades produtivas como piscicultura e agricultura irrigada”, explicou Felipe Eulálio.
A infraestrutura da barragem será composta por uma parede de concreto, um sangradouro para o controle do fluxo de água e um sistema de fundação que permitirá a captação eficiente dos recursos hídricos. Quando finalizada, a barragem tornará o Rio Piranji perene, beneficiando tanto a população urbana quanto rural de Cocal. O projeto também inclui a instalação de mecanismos para controlar o fluxo das águas, reduzindo os riscos de enchentes em períodos de fortes chuvas e ampliando a segurança hídrica.
A área construída do reservatório abrangerá 274,18 hectares e a estrutura terá capacidade para armazenar 55,5 milhões de metros cúbicos de água com vazão de 1.062m³/s quando estiver sangrando. Essa quantidade possibilitará o uso da água em diversas atividades, desde o abastecimento doméstico até a irrigação para agricultura, além de fomentar a pecuária e o turismo de lazer na região.
Rompimento da Barragem Algodões I
Em 27 de maio de 2009, a barragem Algodões I, em Cocal, rompeu após um período intenso de chuvas. A enxurrada, que arrastou tudo pelo caminho, desde casas e plantações até animais e postes de energia, resultou em um cenário devastador. O rompimento ocorreu em uma época de recorde de chuvas e, segundo laudos, a falta de manutenção da barragem também contribuiu para a catástrofe.
Ao todo, 15 pessoas morreram, nove foram arrastadas pela força das águas e as demais tiveram mortes associadas de forma indireta ao desastre. Em menos de uma hora, cerca de 50 bilhões de litros de água inundaram o vale de Cocal, destruindo onze comunidades, deixando centenas de famílias desabrigadas e devastando plantações.
Duas semanas antes do rompimento, a barragem já havia apresentado sinais de risco, transbordando pela primeira vez e criando uma erosão entre o sangradouro e a parede. Uma área de 100 quilômetros de extensão foi desocupada. No entanto, o nível da água baixou e os moradores foram autorizados a retornar, apesar dos riscos.
Após o desastre, as vítimas enfrentaram uma longa batalha judicial. Apenas em 2014, cinco anos após o rompimento, o governo estadual foi condenado a pagar indenizações que variavam conforme a gravidade dos danos: R$ 150 mil para familiares das vítimas fatais, R$ 30 mil para feridos e R$ 7,5 mil para perdas materiais leves.
No total, o governo destinou R$ 60 milhões para o pagamento das indenizações, concluídas em 2020 após acordo com a Associação das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Algodões (Avaba).
A destruição gerou impactos permanentes na região de Cocal e no Vale do Piranji, onde a maioria das famílias vivia da agricultura, pesca e pecuária. Segundo a Avaba e lideranças locais, somente 10% das atividades econômicas foram retomadas, e muitos residentes ainda enfrentam dificuldades psicológicas e ambientais para reconstruir suas vidas.
Durante a assinatura, o governador Rafael Fonteles destacou a importância estratégica da Barragem Nova Algodões para a segurança hídrica da região.
“Este é um dia histórico para o Piauí, pois estamos garantindo, com essa obra, uma solução para o abastecimento de água para o consumo humano, a criação de animais e a irrigação. Isso representa um avanço significativo para a qualidade de vida do nosso povo”, afirmou o governador.
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