Após 12 horas de julgamento, foi lida por volta das 21h desta terça-feira (10/12) a sentença que condenou Antônio Carlos Silva Brito a 38 anos de reclusão em regime inicialmente fechado. O julgamento ocorreu no Plenário do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Cocal, no Norte do Piauí. O réu foi responsabilizado pelo assassinato de sua ex-companheira, Clotildes Cardoso, conhecida como "Lili", de 26 anos, que estava grávida de três meses na época do crime.


Antônio Carlos foi condenado a 30 anos de prisão pelo crime de homicídio, com as qualificadoras de feminicídio durante a gestação, na presença de descendente ou ascendente da vítima, motivo torpe e uso de recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima. A pena também incluiu mais 5 anos de reclusão por provocar aborto sem o consentimento da gestante, conforme o artigo 125 do Código Penal. Adicionalmente, o réu recebeu mais 3 anos de prisão por lesão corporal contra o filho que estava na garupa da moto no momento do crime. A criança sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus na perna direita e, por medo, escondeu-se na mata, onde presenciou o assassinato da própria mãe, totalizando uma condenação de 38 anos.

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O crime ocorreu na manhã do dia 08 de abril de 2023, na rodovia PI-309, entre as comunidades Vidéu e Cajueiro, na zona rural de Cocal. Lili estava na garupa de uma motocicleta conduzida por seu atual companheiro, acompanhada de um de seus filhos com Antônio Carlos. O réu, dirigindo uma caminhonete D-20, interceptou e jogou o veículo contra a moto, os derrubando ao chão. Ele desceu armado com uma faca e desferiu duas perfurações fatais contra o peito e o abdômen da ex-companheira. Após o ataque, fugiu do local. CLIQUE AQUI E REVEJA


Conforme a denúncia do Ministério Público, o acusado e a vítima mantiveram um relacionamento conturbado em que adveio dois filhos. Minutos antes do crime, Antônio Carlos e Lili discutiram devido a uma intimação judicial recebida pelo acusado sobre o pagamento de pensão alimentícia. Alegando dificuldades financeiras por estar temporariamente desempregado, Antônio Carlos havia reduzido unilateralmente o valor pago, o que gerou a discussão. Durante o embate, ele gritou e ameaçou a vítima na presença dos filhos e, em seguida, a perseguiu, culminando no crime.


Os trâmites do processo transcorreram sob segredo de Justiça. O julgamento foi realizado de forma restrita, sem acesso ao público ou às famílias da vítima e do acusado. Apenas o conselho de sentença — composto por cinco mulheres e dois homens —, além das equipes do Juiz, Ministério Público e Defesa, acompanharam o julgamento.

A defesa ficou a cargo do projeto 'Meu Primeiro Júri' [@meu.primeiro.juri], que contou com a atuação dos advogados Dr. Leonardo Queiroz, Dr. Jairo Braz, Dr. Acelino Junior, Dr. Rego Junior, Drª Carolina Barroso e Drª Raissa Júlia.

Antônio Carlos foi preso no dia 7 de junho de 2023, em uma propriedade na localidade Fazenda Nova, zona rural de Esperantina, durante uma operação da Polícia Civil de Cocal. CLIQUE AQUI E REVEJA Desde então, ele está detido preventivamente na Penitenciária Regional Luiz Gonzaga Rebelo, também em Esperantina, onde deverá permanecer recluso cumprindo pena.