O eletricista Reginaldo Ramos Araújo, 29 anos, está internado na Clínica Neurológica do Hospital Getúlio Vargas (HGV) para realizar uma cirurgia reparadora, após sofrer um trauma crânio encefálico ao ser atropelado por uma moto quando descia do ônibus em São Paulo. O eletricista já passou por duas cirurgias e aguarda para fazer uma terceira. Ele perdeu os movimentos do lado esquerdo do corpo e ficará com sequelas pelo resto da vida. Assim como Reginaldo, 70% por cento dos casos de traumatismo crânio encefálico em 2015, no Piauí, foram causados por acidentes de motos. Esse foi o resultado de uma pesquisa realizada em 2015 nos hospitais que atendem pacientes vítimas de traumas como HGV e Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

Os dados são de pesquisa realizada em 2015 nos hospitais que atendem pacientes vítimas de traumas no Piauí (Foto: Ascom HGV) 
Para o responsável pela pesquisa e coordenador da Clínica de Neurocirurgia do Hospital Getúlio Vargas (HGV), Daniel França, esse percentual está quase sete vezes maior que a média mundial. Além disso, 80% dos motociclistas vítimas de traumatismo craniano não usavam o capacete no momento do acidente.

Ele explica que isso demanda um custo muito alto com cirurgias, vagas em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onerando os gastos com a saúde pública. Pelos cálculos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), uma vítima de acidente de moto representa, em média, R$ 152 mil só de custos hospitalares.

Ele ressalta que o pior é que a maioria das vítimas são jovens na idade produtiva, que ficarão fora do mercado de trabalho. “Deixam de produzir, porque praticamente todos os casos de traumas crânio encefálico não possuem recuperação completa. Estamos apenas trabalhando para salvar a vida, pois uma pessoa que sofreu um trauma de crânio nunca mais volta a ser quem era”, destaca o médico.


O neurocirurgião Marcos Alcino diz que a maioria dos seus pacientes que estão internados na Clínica Neurológica tiveram mais de uma lesão devido a acidentes envolvendo motocicletas e realizaram até três cirurgias. “Eles passam, em média, três meses internados. Tudo isso onera em custo para o hospital, para a previdência social e para a sociedade de forma geral”, explica o cirurgião, que não sabe mensurar o custo de um paciente com politraumatismo para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O frentista Wellington Wallace, 20 anos, também está internado no HGV para realizar uma cirurgia de coluna, após um acidente de moto quando colidiu com uma van. Wallace já passou por duas cirurgias e agora vai realizar a terceira. A mãe, Tânia Raquel, relata que o filho fraturou a perna em dois lugares, a coluna e perfurou o pulmão.

Fonte: CCom