O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné) é preso em casa Foto: Gabriel Paiva / Gabriel Paiva

Uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou na manhã desta terça-feira (22), a Operação Os Intocáveis, em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, e outras localidades da cidade, que prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Os presos são integrantes da milícia mais antiga e perigosa do estado.


O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.

Denunciados e presos
  1. Maurício Silva da Costa, o tenente reformado Maurição, Careca, Coroa ou Velho - preso
  2. Ronald Paulo Alves Pereira, o major da PM conhecido como Major Ronald ou Tartaruga; segundo as investigações, é chefe da milícia da Muzema e grileiro nas regiões de Vargem Grande e Vargem Pequena - preso
  3. Laerte Silva de Lima - preso
  4. Manoel de Brito Batista, o Cabelo - preso
  5. Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o Aurélio - preso
  6. Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano ou Gordinho;
  7. Daniel Alves de Souza;
  8. Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico;
  9. Fábio Campelo Lima;
  10. Gerardo Alves Mascarenhas, o Pirata;
  11. Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba;
  12. Júlio Cesar Veloso Serra;
  13. Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho.

O major Ronald foi homenageado em 2004 pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro, que propôs moção de louvor. Um foragido, o capitão Adriano, também recebeu a mesma comenda do filho do presidente um ano antes.

  • Mãe do capitão Adriano trabalhou no gabinete de Flávio Bolsonaro e foi citada em relatório do Coaf

Equipes da força-tarefa estão em endereços da Zona Oeste do Rio, nas favelas de Rio das Pedras e da Muzema e nos bairros da Barra, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena.

Além dos mandados de prisão, são cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados e de algumas empresas relacionadas ao grupo criminoso. Num condomínio no Recreio, uma equipe apreendeu dois celulares. A Retirada de um cofre pesado na casa de "Cabelo" atrasa operação contra milícia no Rio. Clique aqui e veja

Seis meses de investigação

A operação é resultado de seis meses de investigação conduzida pelo Gaeco e pela 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal. A denúncia, com os pedidos de prisão, busca e apreensão, foi distribuída para o 4º Tribunal do Júri da Capital.

Benedito Aurélio é apontado pelos investigadores como "laranja" da organização criminosa que domina Rio das Pedras e outras comunidades. Foto: Márcia Foletto/Márcia Foletto

A denúncia do MP aponta a milícia de Rio das Pedras como a responsável pela extorsão de moradores e comerciantes da região com cobranças ilegais de taxas referentes a “serviços” prestados. O grupo também oculta bens adquiridos com proventos das atividades ilícitas e falsifica documentos públicos, segundo apurou o jornal O Globo.


Para conseguir a regularização dos imóveis ilegais, o grupo montou uma estrutura hierarquizada. Cada integrante da quadrilha tem uma função. Há, por exemplo, contador e até despachantes para o pagamento de propina para agentes públicos. Até então, todas as operações policiais contra a milícia de Rio das Pedras haviam excluído os chefes da organização.

Ativista e defensora dos direitos humanos, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Pedro Gomes foram assassinados a tiros, em 14 de março, no centro da capital fluminense, depois de um evento político.

As investigações foram realizadas por meio de escutas telefônicas e notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia.

Crimes investigados
  • Grilagem, construção, venda e locação ilegais de imóveis;
  • Receptação de carga roubada;
  • Posse e porte ilegal de arma;
  • Extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a ‘serviços’ prestados;
  • Ocultação de bens adquiridos com os proventos das atividades ilícitas, por meio de ‘laranjas’;
  • Falsificação de documentos;
  • Pagamento de propina a agentes públicos;
  • Agiotagem;
  • Utilização de ligações clandestinas de água e energia;
  • Uso da força como meio de intimidação e demonstração de poder, para manutenção do domínio territorial;
  • Corrupção ativa.
Fonte: G1-RJ