A agricultora Teresinha de Jesus Machado (Fig. 1), residente na comunidade Franco, zona rural de Cocal-PI, é coautora do artigo intitulado “Bioculturalidad Asociada a la Extracción y Uso del Aceite de una Etnovariedad de Sesamum L. (Pedaliaceae): Un Abordaje Etnobotánico en un Pueblo del Semiárido de Piauí (Noreste de Brasil)”, publicado no dia 10 passado pela revista Ethnobotany Research and Applications, um periódico internacional especializado em Etnobotânica do Departamento de Etnobotânica, Instituto de Botânica da Ilia State University, Georgia.


O trabalho é resultado da Bolsa de Iniciação Científica Voluntária do discente Jorge Izaquiel Alves de Siqueira, o qual foi orientado pelo Prof. Dr. Jesus Rodrigues Lemos do Curso de Ciências Biológicas do Campus Ministro Reis Velloso em Parnaíba-PI. Em termos gerais, a pesquisa aporta com dados sobre a bioculturalidade associada à extração e uso do azeite de “gergelim preto” na comunidade rural Franco, reportando seus usos tradicionais, ameaças aos conhecimentos tradicionais, paisagens locais, etc.


Para os autores, a coautoria é uma forma de ter uma representação do conhecimento tradicional por alguém de dentro da comunidade: “É a primeira vez que incluímos uma participante de nossas pesquisas como coautora formal de nossas publicações. Na América Latina são poucas as publicações com este perfil, a maioria delas concentram-se na Bolívia. Alguns pesquisadores criticam tal fato, mencionam que os participantes [entrevistados] das pesquisas não devem ser coautores formais das publicações, quando em verdade ignoram que os verdadeiros autores e detentores de tais conhecimentos são eles e não nós acadêmicos/pesquisadores”, pontua Siqueira, e completa “apesar de que colaborações como estas não sejam tão frequentes, os seus defensores argumentam que é uma forma de dar os devidos méritos e/ou reconhecimento a seus verdadeiros autores, ainda que este fato não seja suficiente”.


Dona Teresinha, como é conhecida na comunidade Franco, é uma especialista em plantas medicinais e na flora registrada na comunidade e aos arredores dessa, bem como na mata presente nos quintais. No artigo, se menciona que entre as ameaças relacionados à extração e uso do azeite de “gergelim preto”, se enumeram o desinteresse entre a geração mais jovem e a presença de Wifi em muitas residências.

Para Siqueira, a publicação/divulgação pode colaborar com a valorização de ditos conhecimentos dentro da própria comunidade, especialmente entre os jovens. “Os jovens da comunidade têm em conta que o conhecimento empírico resultado das experiências entre as pessoas e o mundo ao seu redor não possuem validade, configurando-se como elementos ultrapassados e, por isso, são muito desvalorizados. Em realidade, somos o que somos, me refiro a nós como primatas humanos, devido a nossa maneira como nos adaptamos e nos relacionamos com o mundo natural em seus diversos aspectos. A divulgação desses dados em forma digital pode colaborar com a valorização desses conhecimentos entre os mais jovens, especialmente os que usam internet, somado a materiais físicos, que fazem parte do retorno à comunidade ” 

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